Universidade
Federal de Sergipe
Centro de
Educação e Ciências Humanas
Departamento de
História
Disciplina: Temas de
História de Sergipe I
Prof. Dr.Antônio Lindvaldo
Discente: Karla Jamylle
Souza Santos
Relatório de
pesquisa e coleta de dados ao jornal “Diário Oficial do Estado de Sergipe”,
referente às noticias do ano de 1979. Cuja temática indagada trata-se dos Índios
Sergipe.
Introdução:
Essa
pesquisa, de coleta de dados foi realizada no acervo Iconográfico do Instituto
Histórico e Geográfico de Sergipe. Onde utilizei o jornal “Diário Oficial do
Estado de Sergipe”, do ano de 1979. Nele pode ter acesso a quatro noticias,
referente a luta dos Índios Xokós pelo pertencimento das suas terras.
O trabalho em questão está dividido em três
momentos distintos: a transcrição dos documentos (notícias iconográficas); a
análise das noticias, fazendo uma correlação com o conteúdo estudado na
disciplina Temas de História de Sergipe I e com a experiência da aula publica
ao Sertão de Sergipe; e um terceiro e ultimo momento, com as conclusões finais
desse relatório.
1-
Transcrição
das Notícias Iconográficas:
- Jornal: “Diário Oficial do Estado de
Sergipe”, do ano de 1979.
- Data/pagina: 15 de setembro de 1979,
pag. 02
Fonte:
Acervo Iconográfico do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe.
“O Governador Augusto Franco recebeu ontem, no
Palácio Olympio Campos, em audiência especial três funcionários da Fundação
Nacional do Índio quê estão em Sergipe examinando os problemas dos índios
Xocós, no Município de Própria. Estiveram com o Governador do Estado, Romildo
de Carvalho, Assessor Jurídico; Eudes Araujo, Delegado Regional de Recife e
Hildelgarda Santos, Antropóloga.
Após o contato mantido com o Governador
Augusto Franco, o Dr. Romildo Carvalho concedeu entrevista a imprensa, quanda
na oportunidade, informou que se encontrava em Sergipe com o objetivo de
observar todo o problema que envolve os indos Socós, e enviar relatório a FUNAI
sobre a invasão da Ilha de São Pedro, no Município de Propriá.”
- Jornal: “Diário Oficial do Estado de
Sergipe”, do ano de 1979.
- Data/pagina: 25 de setembro de 1979, pag.
01.
Fonte: Acervo Iconográfico do Instituto
Histórico e Geográfico de Sergipe.
“Por
determinação do Governador Augusto Franco, atendendo solicitação da FUNAI, a
Comissão Estadual da Defesa Cível esteve na ultima sexta-feira, dia 21,
realizado visita aos Índios Xocós instalados na Ilha de são Pedro, no Município
de Porto da Folha.
Sintonizando com os objetivos do Governo
Federal conforme programa elaborado para socorro às vítimas das enchentes do
Rio São Francisco, a comissão Estadual de Defesa Civil manteve contatos diretor
com os problemas existentes naquela ilha, onde estão vivendo 221 índios homens,
mulheres e crianças, em situação de miséria.
Constatando
a realidade em que se encontrão os índios Xocós a Comissão estadual de Defesa
Civil providenciou imediatamente a distribuição de gêneros alimentício, numa
medida urgente, a fim de amenizar os sofrimentos de 46 famílias enquanto se
determina uma solução viável para contornar a situação dos índios Xocós.”
Mediante
o quadro ali encontrado, a comissão distribuiu proporcionalmente às famílias os
seguintes gêneros alimentícios: Açúcar- 480 kg; Feijão 300 kg; Farinha 420 kg;
Leite 144 kg; Arroz 300 kg; charque 180 kg; Óleo 60 kg; sal 45 kg; café 48 kg e
Fubá de milho 120 kg.”
- Jornal: “Diário Oficial do Estado de
Sergipe”, do ano de 1979.
- Data/pagina: 11 de dezembro de 1979, pag.
01.
Fonte: Acervo Iconográfico do Instituto
Histórico e Geográfico de Sergipe.
“O
Governador Augusto Franco assinou o decreto declarando de utilidade publica,
para fins de desapropriação, o imóvel rural localizado no município de Porto da
Folha, no Rio São Francisco, denominado de Ilha de São Pedro.
O chefe do governo sergipano com o
secretário analisou, entre outros problemas, a situação que já estava se
agravando entre família Britto, pessoas que se dizem descendentes dos índios
Xokós e a FUNAI decidindo, afinal, pela desapropriação de áreas em litígio.
O Governador ao assinar o decreto em lide,
considerou o estado de tensão social atualmente predominante na mencionada
ilha, e de que o estado tem o dever legal de preservar a ordem pública e
neutralizar os efeitos ( de litígio ) conturbadores da paz social.
A ilha de São Pedro mede aproximadamente 600
tarefas e consta do registro imobiliário pertence a D.Elizabeth Guimarães
Britto. Agora, ela será utilizada pelo estado, através da superintendência da
agricultura e produção- SUDAP, para criação de melhoramentos de centros de
população e seu regular abastecimento de meios de subsistência.
O estado não se responsabilizará, todavia,
por despesas judiciais, honorários de advogados e de peritos, provenientes de
quaisquer ônus advindos do ajuizamento. Tramitação, acordo, transação,
desistência ou extinção de toda ação judiciária e/ou procedimento
administrativo, inclusive quanto a providencia social ou encargos fiscais.”
- Jornal: “Diário Oficial do Estado de
Sergipe”, do ano de 1979.
- Data/pagina: 14 de dezembro de 1979, pag.
01.
Fonte: Acervo Iconográfico do Instituto
Histórico e Geográfico de Sergipe
“Na
manhã de ontem, no Salão de Despachos do Palácio Olympio Campos, o Governador
Augusto Franco formalizou a escritura de compra, pelo Estado de Sergipe, dos
600 hectares de terra que compões a propriedade Ilha de São Pedro, no município
de Porto da Folha, pertencente à Família Britto.
A compra foi efetivada pelo Governo através da
Secretaria da Agricultura, sendo paga a quantia inicial de 480 mil cruzeiros,
ficando o restante, dividido em 4 parcelas que serão pagas pelo Estado nos
meses de janeiro, fevereiro,
março e abril do próximo ano, de igual
valor.
Solução harmoniosa
O
Governador Augusto Franco solucionou, desta forma, um problema de cunho
eminentemente social e que poderia agravar-se, vez que a Ilha de são Pedro
vinha sendo ocupada por remanescentes dos índios Xocós, que ali se radicaram. O
Governo do Estado demonstrou, acima de tudo, isenção de ânimos no propósito de
harmonizar, principalmente, a família sergipana, em todos os seus segmentos,
sem alimentar quaisquer sentimentos que não sejam o do bem-estar de seus conterrâneos.”
2- Analise das notícias:
Após
a leitura e transcrição das notícias a cima, torna-se perceptível que no ano de
1979, a luta pelo reconhecimento das terras dos Índios Xokó, na Ilha de São
Pedro, Município de Porto da Folha, se intensificou. Essa luta teve inicio,
segundo as noticias do Jornal, em 15 de setembro de 1979. Onde os Xokó, que
viviam de forma debilitada, lutavam pelo reconhecimento das terras, que ate
essa data pertencia juridicamente à família Britto. Muitos foram os percalços,
sofridos pelos índios. Eles foram expulsos das terras, ficaram sem alimentos.
Mas através de reuniões entre o governo do estado de Sergipe e a FUNAI, esses
índios tiveram a sua história modificada. Eles receberam a doação de alimentos,
uma forma de amenizar a fome enfrentada por homens, mulheres e crianças da
comunidade. E somente em 14 de dezembro de 1979, é que o governo do Estado de
Sergipe, decide comprar as terras habitadas pelos Xocó, amenizando o clima de
conflitos entre esses e a família Britto.
Sendo assim é pertinente ressaltar que a luta
pelo reconhecimento e pertencimento das terras habitadas pelos índios em
Sergipe, só foi ser resolvida na década de 80. Isso mostra o quanto os índios
são marginalizados pela sociedade. Algo impertinente já que foram eles os
primeiros habitantes das nossas terras.
Durante as aulas de Sergipe I, e a aula
pública realizada pelo professor dessa mesma disciplina, observei que mesmo
como a maior valorização e investimento do Estado, na preservação da cultura
indígena, dos Xokó em Sergipe, na contemporaneidade. Ainda torna-se necessário,
um maior reconhecimento dessa cultura.
Conclusão:
2-
Como
conclusão desse trabalho, pude perceber que nas noticias encontradas, existe
momentos em que é informada a localidade da comunidade dos Xokó,de forma
incorreta. Isso ocorre na primeira noticia cujo traz como localidade da Ilha de
São Pedro, o Município de Propriá, sendo que, na verdade a Ilha de São Pedro
esta localizada no município de Porto da Folha. Outro diferencial percebido
durante a transcrição das noticias foi a forma com a qual foi escrito a palavra
Xokó, que aparece escrita das seguintes formas: “Xocós” ; “Xokós”.
Se tratando do conteúdo, pude concluir que
mesmo tentando amenizar a situação de conflito entre os Xokó, e a família
Britto, o Governo do Estado de Sergipe, mesmo comprando as terras e
distribuindo alimentos para os remanescentes dos Xokó, eles não demonstraram um
interesse em preservar a cultura do outro. Já que a partir do momento em que
essas terras são reconhecidas como pertencentes aos Xokó, é um primeiro passo
paro o processo de preservação da cultura Xokó. Sendo essa parte integrante da
formação da cultura Sergipana.
Referências
Bibliográficas
SOUSA, Antônio Lindvaldo. Temas de História
de Sergipe I. São Cristóvão: UFS, CESAD, 2010
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